Como você quer ser lembrado?
Todos nós, em algum momento da vida, fomos ou seremos marcados por impressões positivas ou negativas que, pouco a pouco, moldam quem somos, como n...

Todos nós, em algum momento da vida, fomos ou seremos marcados por impressões positivas ou negativas que, pouco a pouco, moldam quem somos, como nos comportamos e a história que estamos construindo.
Comumente, ouvimos muitos relatos de pessoas que foram atingidas por golpes da vida, mas que não permitiram que a esperança sucumbisse. Ao contrário, confiaram naquele que tem o poder de transformar histórias comuns em testemunhos extraordinários.
São pessoas que fizeram de suas próprias experiências um trampolim para que outros também pudessem crer no poder transformador de um Deus que aposta tudo em um menino que, mesmo no seio familiar, não era reconhecido — e fez dele um estimado rei de uma nação. Como não lembrar do jovem Davi? Aquele cujo destino contrariou a oposição dos que pensavam: "Este não vai dar em nada". Sua trajetória mudou o cenário de toda uma geração.
A grande questão é que, de uma forma ou de outra, deixaremos uma marca na memória daqueles que nos conhecem, seja no presente ou no futuro. Ser lembrado como um herói ou heroína talvez pareça algo mais ligado à ficção do que à realidade. No entanto, ser lembrado como alguém que ama, perdoa e serve aos outros porque, um dia, foi amado e perdoado pelo próprio Deus — isso, sim, é para todos aqueles que creem que o Evangelho são boas novas e desejam ser lembrados como pessoas que impulsionam outros a conhecerem esse amor escandaloso que um dia nos encontrou.
Muitas justificativas e hipóteses podem ser levantadas quando pensamos na capacidade ímpar de um Deus que enxerga em nós além do que nossos próprios olhos naturais podem ver. Entretanto, ao longo de inúmeras narrativas bíblicas, percebemos o contraste entre homens e mulheres comuns que deixaram um grande impacto, pois não se preocuparam com seus interesses e satisfações pessoais.
Homens e mulheres que, apesar de seu histórico familiar, de conduta ou caráter no passado, tiveram uma experiência profunda com a graça de Deus e se permitiram ser moldados, vivendo uma nova história, cujos capítulos serviram de impacto para outros e que, até hoje, continuam a nos inspirar.
"Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; porém, uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, ao prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Filipenses 3:13-14)
Quando falamos de Paulo, o conhecido "apóstolo dos gentios", um dos homens que mais impactaram a história da Igreja, não nos vem à mente aquele que antes perseguia com afinco a igreja e os fiéis. Quando lembramos de Pedro, recordamos o homem inspirado pelo Espírito, cujas pregações levaram multidões à conversão e impactaram o cristianismo — como em Atos 2 —, e não aquele Pedro que negou Jesus três vezes. Quando falamos de Moisés, lembramo-nos do legislador de Israel, o líder que atravessou o Mar Vermelho, e não do fugitivo que matou um egípcio.
Além das muitas histórias bíblicas inspirativas, trago também uma das narrativas de avivamento mais profundas que já me marcou: os Morávios e seu chamado radical. Resumidamente, eram cristãos pertencentes à Igreja Moraviana, um movimento missionário iniciado pelo conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf, na Alemanha. Entre seus testemunhos mais impactantes, destaca-se a história de dois jovens missionários morávios que decidiram ir até uma ilha no Caribe, onde milhares de escravos africanos viviam sem qualquer acesso à mensagem de Cristo.
O problema era que o proprietário da ilha, um rico ateu, não permitia que missionários ou pastores entrassem em sua propriedade. Determinados a alcançar aquelas almas para Cristo, os dois missionários tomaram uma decisão radical: venderam a si mesmos como escravos para que pudessem viver entre os cativos e compartilhar o Evangelho.
Quando seus amigos e familiares perguntaram por que estavam dispostos a fazer esse sacrifício, eles responderam com uma frase que se tornou um lema entre os Morávios:
"Que o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa do Seu sofrimento!"
Enquanto partiam no navio rumo ao desconhecido, essas foram suas últimas palavras ao se despedirem. O impacto de seu testemunho ecoou por toda a Igreja Moraviana, influenciando até grandes nomes como John Wesley.
Esses missionários são lembrados até hoje por sua entrega e amor incondicional a Cristo e às almas perdidas. Eles decidiram que não importava o preço a ser pago, pois desejavam ser lembrados como servos fiéis ao seu chamado.
São tantas histórias que deixaram um grande legado e que jamais serão dissipadas pelo tempo. Elas marcaram pessoas, épocas e gerações — e continuam marcando.
E sabe o que tudo isso significa? Independentemente de como foi o seu percurso de vida até aqui, sempre há uma nova oportunidade em Deus para recalcular a rota e seguir adiante rumo ao alvo. Ele acredita, investe e potencializa homens e mulheres comuns para que vivam o cumprimento do Seu propósito e para que suas histórias ecoem, sendo lembradas até as próximas gerações — assim como sempre fez.
Afinal, o que as pessoas sempre lembrarão é quem nós fomos e as impressões que deixamos!
Matheus Grismaldi (@mgrismalde) é jornalista, escritor, missionário e assessor de comunicação e imprensa em Angola, África. Idealizador do projeto de literatura cristã e cosmovisão bíblica no Clube Kutanga com leitores de países lusófonos. Professor na Escola de Ministério Internacional Vinha Angola e faz parte da liderança na Igreja Videira.
* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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Fonte da Reprodução:
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